sexta-feira, 9 de março de 2012

Mulher....

Feliz dia da Mulher!!!!!


Esteve nos primórdios da criação
Dizem até, que fez cair Adão
Que inocente, comeu o fruto da sua mãoNão sei se foi pêra, maçã ou mamão
Se era gostosa, ou não
Mas sei que a mulher
É especialista em sedução
Banida do paraíso
Se aproveitou da situação
Do tal fruto tirou a semente
E organizou a produção
Criou a agricultura
E dominou a situação.
Surgiu o matriarcado.
Para quem nasceu de uma costela
Veja só que ascensão!
De reles companheira
A líder de nação.
Mas na roda da história
Havia uma conspiração
Para reduzir a mulher
À função de procriação
Surgiu a propriedade
E a economia mercantil
O controle da situação
O homem reassumiu
O patriarca era o tal
Botava muita moral
Subjugou a mulher
Numa sociedade patriarcal
Mas para complicar a historia
Veio a revolução industrial
E a emancipação da mulher
Se tornou questão de ideal
Entrou no mercado de trabalho
Mas veja só que contradição!
A mulher saiu de casa
Mas continuou a exploração
Saiu das garras do marido
Caiu na unhas do patrão
De explorada doméstica
À operária explorada
A exploração na verdade
Ficou mais sofisticada
Não demorou muito tempo
Veio a insatisfação
E o movimento feminista
Ganhou nova razão
Melhoria nos salários
Igualdade na produção
A fogueira de sutiãs
Marcou a revolução
De carona nas mudanças
Veio a liberdade sexual
Mudou tanto o negócio
Que surgiu novo conceito de casal
E a pílula anticoncepcional
Recebida com tanta alegria
O que a mulher não imaginava
É que teria que tomá-la todo dia
O tão sonhado casamento
Também perdeu lugar
Foi logo substituído
Por um tal de “ficar”
O que a mulher não sabia
É que a novidade não ia durar
É só passar dos vinte
Só pensa em casar
Discriminada, violada, constrangida
A mulher segue na luta
É seu projeto de vida
Continuar o legado
De tantas que deram a vida
De Olgas a Madres de Calcutá
Diante de tantas vitórias
Não se pode questionar
São vencedoras
Conquistaram seu lugar
Domésticas, empresárias, camponesas,
Professoras, e tantas outras, tantas opções
Podem ser o que quiser
Mas em meio tantas mudanças
Surgiu um novo dilema prá mulher
Precisa redescobrir quem é.


Autor: Márcio Ribeiro Matos

sábado, 3 de março de 2012

No Tempo da Minha Infância

(Ismael Gaião)

No tempo da minha infância
Nossa vida era normal
Nunca me foi proibido
Comer muito açúcar ou sal
Hoje tudo é diferente
Sempre alguém ensina a gente
Que comer tudo faz mal (…)

Eu comi ovo à vontade
Sem ter contra indicação
Pois o tal colesterol
Pra mim nunca foi vilão
Hoje a vida é uma loucura
Dizem que qualquer gordura
Nos mata do coração (…)

No meu tempo de criança
Por ter sido reprovado
Ninguém ia ao psicólogo
Nem se ficava frustrado
Quando isso acontecia
A gente só repetia
Até que fosse aprovado

Não tinha superdotado
Nem a tal dislexia
E a hiperatividade
É coisa que não se via
Falta de concentração
Se curava com carão
E disso ninguém morria (…)

Nunca fui envenenado
Com as tintas dos brinquedos
Remédios e detergentes
Se guardavam, sem segredos
E descalço, na areia
Eu joguei bola de meia
Rasgando as pontas dos dedos (…)

Entre outras brincadeiras
Brinquei de Carrinho de Mão
Estátua, Jogo da Velha
Bola de Gude e Pião
De mocinhos e Cawboys
E até de super-heróis
Que vi na televisão (…)

Com anzol e jereré
Muitas vezes fui pescar
E só saía do rio
Pra ir pra casa jantar
Peixe nenhum eu pegava
Mas os banhos que eu tomava
Dão prazer em recordar

Tomava banho de mar
Na estação do verão
Quando papai nos levava
Em cima de um caminhão
Não voltava bronzeado
Mas com o corpo queimado
Parecendo um camarão

Sem ter tanta evolução
O Playstation não havia
E nenhum jogo de vídeo
Naquele tempo existia
Não tinha vídeo cassete
Muito menos internet
Como se tem hoje em dia (…)

Fui feliz a vida inteira
Sem usar um celular
De manhã ia pra aula
Mas voltava pra almoçar
Mamãe não se preocupava
Pois sabia que eu chegava
Sem precisar avisar

Comecei a trabalhar
Com oito anos de idade
Pois o meu pai me mostrava
Que pra ter dignidade
O trabalho era importante
Pra não me ver adiante
Ir pra marginalidade

Mas hoje a sociedade
Essa visão não alcança
E proíbe qualquer pai
Dar trabalho a uma criança
Prefere ver nossos filhos
Vivendo fora dos trilhos
Num mundo sem esperança

A vida era bem mais mansa,
Com um pouco de insensatez.
Eu me lembro com detalhes
De tudo que a gente fez,
Por isso tenho saudade
E hoje sinto vontade
De ser criança outra vez.